dai-me lumes!


Um pouco antes do que acertámos, já o Bocas ligava.
Já nos esperava. Uns minutos mais e eis que chega a minha senhora, felicíssima p'lo que conseguiu no laboratório e por saber que não tardaremos em fugir desta Lisboa que por ora nos sufoca.
Trincamos algo, cafeína, quatro ou nove pitilhos mais e já o Bocas faz o Saxo chiar virado a Norte.
Há em nós uma ansiedade incontida por não tardar em fazer parte da coisa.
Ao passar Coimbra, já para lá da Pedrulha, essa que foi terra do LeSon, aceno a um bravo que se faz à pista com uma Vespa Sprint de setenta e tal.
Vermelhinha Benfas, dois banquinhos pasteleira, porta-couves e quê.
Classe!
O meu aceno volta num feedback e sorrisos, há rock e muito roll neste homem.
Vai para lá, atiramos!
Agarramos a chave de casa em Valongo e largamos umas sacas. Um rajá, um brauliozeco e até mais!
Deixamos Valongo para trás, mas às tantas pensamos que apontámos a Sul.
Agarramos a vermelhinha e todos lhe acenamos, há feedback bem forte e agora até gargalha.
Rolla com alma este gajo!
Vai para lá, o gajo vai para lá!
À chegada, lá p'las seis, somos ainda poucos.
Lá bem alto, o astro cospe fogo que grelha.
Onde pára a vilanagem?
Viramos é umas, não?
Sim!
Na barraquita das rifas há miúdas giraças que não sabem dizer ainda o quanto vale a nossa sede ou se o MB viverá.
Olha, dá aí dois contos de rifas, já se vê!
Esticam-se umas shirts na banca e mais uns disquitos das bandolas da casa.
E t-shirts de tal?
E rodelas de coiso?
Daqui a pouquito há mais, e mais loguito a banca já será pequena.
Sem pressas, assim como no enlace da prima da terra, quando procuras ainda a mesa e com quem te sentarás na mesma.
Mas tu até já sabes que te sentarás com gente que bebe e come o triplo de ti, e que se borrifa se a agarrares mesmo à patrão.
Gente da boa!
Estamos em casa!
Onde pára a vilanagem?
Diz que há por aí uma pool. Por cá anda a vilanagem, a grelha cospe forte.
Sombrinha bela, relvinha fresca, aceitamos o convite.
Viramos uma e outra e queimamos mais um pipe.
Evols já foste!
Rui Silva gritava-nos há uns anos, o privilégio de fazer a escolha errada.
Os Zen foram do melhor, no estrado não havia pai!
Fizeram voar cadeiras e senhoras entradotas dançar com netos p'la mão na fnac da esquina.
Fizeram muito rock do bom e levaram muito puto do sofá a bunkers bafientos para os ouvir.
Fizeram festa e mais festa.
E acabaram!
Ou acabou o Rui para os Zen, que é o mesmo!
O gajo era o bicho!
As escolhas do Rui, não as conheço.
Com Plus Ultra regride a noventa e oito, a um tempo em que pensámos (ou não!) que a putaria desbragada eram os bonés vermelhos de basebol, as calças sacadas ao teu primo que pesa cento e vinte e as sapatilhas tipo astronauta.
E haviam umas bandolas, que eram todas uma baita merdola!
Tirando uma, vá, talvez duas.
O Rui atira-se à coisa como sempre, berra, rosna e tal.
Piadolas que só ele entende. Está muito lá, nós não!
Há uma guitarra atirada ao ar e a escaqueirar-se à parva.
Se é para isto, é bom que não voltes a pegar numa.
Ponho agora os olhos num puto sagui de Viana com uma t-shirt de Gallows e pasodoble de quem estudou muito os clipes de Cedric Bixler-Zavala e Omar Rodriguez Lopez.
Servem-nos boysetsfire de primo piatto, empanturram-nos de At the Drive-In, regam-nos com Refused e dispõem tira-gosto Fugazi.
Não escondem ao que andam, mas não fazem mossa estes miúdos Larkin.
Uns mais que muitos iluminados, apregoavam há uns anitos via NMEs e merdas que tais, que o rock andava aí, regressado da tumba para a qual outros tantos - mais que muitos - iluminados o tinham largado bem fundo e coberto de calhaus d'Obélix.
Fizeram o funeral das guitarras, para que fossemos numa de que o rock seriam teclados lambetas dos oitentas e bandolas a soar a rave no Castelo de Palmela a meio dos noventas.
Puta-que-os-pariu mais aos que foram nisso!
O rock e as guitarras não morrem!
Os Glockenwise seriam muito putos antes dos Strokes ou YYYs, são estas as bandolas que querem que oiçamos.
Nas guitarras, nos gritinhos e la-la-las, na pose afectada.
Não salvarão o rock, ou sequer Barcelos.
Barcelos tem outros messias!
Teclados e guitarras no shaker, pitadas de vocoder e topping de voz-colada-ao-xamã-da-bandola-tal.
Os Faint fazem-no há tanto e tão melhor, Sizo!
O Rui (esse!) sobe agora ao estrado para nos falar de uns tais de comedores de homens.
Todo comido estás tu, Rui!





Hellstone acertou-me na queixada, qual hook de esquerda do Evandro lá por zero-sete.
Levou-me atrás dos Men Eater por aí e acolá.
Ficará como umas das rodelas mais petardo dos meus trintas.
Sem merdas!
Sempre do caralho, por aí ou acolá!
Vendaval é mais polidinho, faz dos Men Eater mais Metallica, menos... Men Eater!
A bandola era a mesma em Vendaval, mas o que cospiam, isso já não!
Vendaval nunca vira tufão, é vento que sopra sem derrubar.
Carlos e João foram com a brisa.
Hoje, Sega e Gaza são os rapazes que aparecem com Miguel e BB.
A vilanagem agita-se, umas vezes mais que outras. Há headbang sincopado nas tábuas e na relva, muita careta trve cvlt e move da cartilha.
Há Valient Himself, para que saíbamos que isto é tudo amiguinhos, e troca de chapadas nas ervas.
Pedem-se palmas para os que querem fazer da festa do barulho, a festa do esporte-via-chapada.
Não se aplaude quem quer estragar a festa, meu rapaz!
Os Men Eater já as deram bem melhores.
É morder uma sandoca de porco no espeto e já os Black Bombaim deslizam na route 66 sem pastilhas de travão direitinhos à tua tromba e a umas quantas carinhas bonitas.



Saltamos para o muscle car e pé na tábua atrás deles.
A tábua vai no fundo, mas não os agarramos.
Vão desalmados, cruzando a route Sabbath sem afrouxar, entrando p'la hacienda Comets on Fire, derrubando a cancela e uns quantos fardos de palha.
Pensamos que se espantam, mas nunca se entregam a falas mansas ou floreados, que quando se rolla assim, não se olha para trás!
Topamos que estão a ficar sem gota, param na Acid Mothers Temple gas station.
Tanga deles, o depósito não está ainda a meio.
Apenas querem que pensemos que lhes conseguimos chegar.
Deixam o cheiro da borracha queimada na pista e mostram pipes cuspidores de fogo até se irem no meio do pó.
Acendemos a luzinha, mais uma para o caminho!
Alguém que os agarre!
De outro planeta, aterram no palco Milhões os Valient Thorr.





O planeta deles não será assim tão fora de órbita, haverão por lá uns Maiden e AC/DCs, e o mesmo desejo que o nosso de fazer milhões de festa e gingar o quadril ao rock garageiro a mais de mil.
Só lhes crescem mais barba e cabelo!
Podiam ser de cá, até dormiram no mesmo hotel que nós.
Se a viagem não for assim tão longa, apareçam sempre!
Quem vem p'la festa, vem sempre por bem!
Esperámos muito tempo p'los senhores e senhora que nos castigarão daqui a pouco.
Não serão dos tipos mais dados a rambóias no pedaço, mas é uma festa mesmo huge que apareçam hoje aqui.







Mal pisam as ripas, agarram-nos p'los tomates e p'los cabelos às meninas, que isto não há aqui meiguice.
Entorpecemos e arrastam-nos quais cadáveres para fora da cova, onde pensávamos estar a salvo.
Sopram-nos o fumo na cara até quase desfalecermos e aterrorizam-nos com o gravalhão das guitarras que gritam agonia.
Não temos forças para fugir a tal desancanço, não levantamos já os braços para cobrir a cabeça de uma e outra paulada.
Já nem queremos!
Deixamo-nos ir!
A agonia deles é agora de todos.
A festa é partilha, os Electric Wizard partilham o negrume!
O negrume purga e liberta, e só liberto fazes a festa.
Esta noite, não nos sentiremos mais livres.
O hotel é já ali!

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