por falar em recordações e em música portuguesa...

Mariana Ricado - "Across the Way Going (Live)" (2009, Merzbau)

... Alguém se lembra dos Pinhead Society? A banda-de-culto-fofinha de todo e qualquer jovem/teenager luso por altura dos finais de '90? Para aqueles que se lembram, sabem o que é feito da Mariana Ricardo?

Os Pinhead Society talvez sejam o exemplo acabado da banda que teve o seu momento: eram perfeitamente relevantes quando surgiram e sua existência fez todo o sentido num determinado período bem delimitado da história da música. Mas como muitos outros projectos 'de época' acabaram por se desvanecer na bruma, naturalmente e com a elegância e dignidade de quem sabe que não se deve voltar ao lugar onde já se foi (muito) feliz.
"Kings of Our Size" foi um disco que rodou vezes incontáveis na minha velhinha Sony micro, mas é daqueles pedaços de música/cultura/história aos quais eu dificilmente regresso no tempo presente. De tal forma que perdi completamente o rasto aos elementos dos Pinhead Society. Tenho a vaga ideia que alguns continuaram a fazer música, enquanto outros seguiram percursos completamente diversos.
Apenas de Mariana Ricardo, vocalista e guitarrista, vou continuando a saber notícias, ainda que esparsas.
Em 2005, soube da sua participação no colectivo München, um projecto português bastante off the radar, não obstante a etiqueta 'Novo Talento Fnac' que lhe colaram. Mais recentemente, que é como quem diz há uns dias atrás, soube que tinha um disco a solo e em nome próprio, gravado ao vivo no Maxime em 2008. Imbuída de um certo saudosismo, aproveitei o facto deste poder ser descarregado gratuitamente, e dediquei-me a uma audição atenta.
Embora o fenómeno Pinhead Society seja irreplicável, não é disso que aqui se trata, já que Mariana não se dedica a capitalizar as velhas glórias do passado (embora a voz sonhadora continue a mesma), mas antes a adaptar (e bem) ao presente - de forma bastante agradável, singela e despojada - uma certa realidade da música independente portuguesa, da qual os Pinhead Society eram os dignos e incontornáveis porta-estandarte. Não deixa de ser uma gravação que fomenta alguma nostalgia, mas ainda assim é algo que ouvirei com prazer hoje, amanhã e, talvez, depois.
Oiçam-na vocês também aqui.

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