estar bem e saber estar
Vamos ao debate de ideias, amiguinhos?... Vamos a isso!
Qual é a forma correcta de se estar num concerto? Já tive esta discussão com vários amigos e conhecidos, a propósito de situações mais ou menos caricatas, e dei comigo novamente a pensar neste assunto aqui há uns dias atrás. Será que há um certo e um errado? Será que há que manter a pose e a compostura, e talvez um certo ar de enfado, demonstrando uma superioridade de melómano iluminado e pseudo-intelectualóide relativamente ao resto da populaça, que berra, esbraceja, dá saltinhos e bate palminhas como se fossem uns mentecaptos? Ou será que, por outro lado, devemos dar largas à imaginação e extravasar as pulsões mais recônditas, fazendo a figura mais triste ou ridícula que as nossas capacidades permitam, e da qual até um alcoólico crónico se envergonharia? Uma vez que já estive em ambos os lados da barricada (pseudo-intelectualóide ou maluquinha da aldeia, dependendo do dia e da disposição) e não me senti bem em nenhum dos dois, optei pelo equilíbrio do meio-termo.
Mas de facto há coisas que me continuam a irritar profundamente em concertos, em particular, as atitudes de certo tipo de indivíduos, ou indivíduos-tipo, que os frequentam.
Por um lado há os tais pseudo-intelectualóides afectadadinhos que, não sei bem porque ordem divina, se acham uma espécie de brigada de etiqueta e bons costumes sobre como saber estar num concerto. Não podes gritar, que parece mal. Não podes erguer o braço mais de 15,5 cm, que parece mal. Não podes saltar, que parece mal. Não podes abanar o corpo freneticamente da direita para a esquerda, que parece mal. Não podes fazer headbanging, que parece mal. Não podes dar um peido (mesmo que ninguém ouça), que parece mal. Não podes fazer nenhuma destas coisas, caso contrário, pareces um labrego... Tanta regrinha de caca já mete nojo, não?
Por outro lado, há os enjoadinhos dos trend-setters/hype-followers/ fashionistas/merdistas, que vão para ver e ser vistos, e estão mais preocupados se o vizinho do lado traja em consonância com os ditames da tendência para a estação, do que propriamente se as criaturas que estão no palco interpretam peças musicais em consonância com certos padrões de qualidade... Para todos vós, há um sítio chamado Lux, mais adequado a esse tipo de coisas.
Depois há ainda os que parece que caíram ali de paraquedas. De entre estes, contam-se aqueles que, quanto mim, fazem uma das coisas mais insuportáveis que se pode fazer num concerto - tudo o resto são migalhas quando comparado com a atitude vil e desprezível desta gente: os tagarelas, as gralhas, que sem qualquer respeito por quem os rodeia ou por quem está no palco, desatam numa verborreia incrível, para que toda a gente num raio de 10 km os possa ouvir. A estes gostaria apenas de dizer que têm todo um Bairro Alto à vossa espera, onde estão entre iguais, e podem palrar em alto volume e ser o centro das atenções sem incomodar os demais nem pagar mais por isso. Fantástico, não acham?
De resto, já não me incomodam particularmente os beberrões, os encontrões, as pisadelas, os saltinhos, as palminhas, as dancinhas parvecas ou os gritinhos histriónicos - às vezes dão-me para rir, outras há em que até aprecio o entusiasmo daqueles que comigo partilham a plateia. Habituei-me e, com alguma frequência, também eu dou o meu pézinho de dança parveca, o meu gritinho histriónico ou o saltinho desconjuntado. Em particular, quando assisto a concertos fora do país, onde ninguém me conhece e não corro o risco de me apontarem o dedo na rua, "olha, a imbecil que estava no concerto de tal e tal a fazer figura de palhaça" (HA!).
Cada pessoa tem a sua forma de estar num concerto. De estar bem, de se sentir bem, de apreciar o que está a ser tocado. Voltando à pergunta do início (a segunda, porque a primeira era retórica), não é uma questão de certo ou errado, mas sim de respeito pela massa humana circundante. Não só pela sua 'integridade física', mas também pela sua forma de estar, mais ou menos extrovertida e extravasante.
No fundo, é o tal velho - mas sábio - chavão: "a minha liberdade termina onde começa a liberdade do outro".
Qual é a forma correcta de se estar num concerto? Já tive esta discussão com vários amigos e conhecidos, a propósito de situações mais ou menos caricatas, e dei comigo novamente a pensar neste assunto aqui há uns dias atrás. Será que há um certo e um errado? Será que há que manter a pose e a compostura, e talvez um certo ar de enfado, demonstrando uma superioridade de melómano iluminado e pseudo-intelectualóide relativamente ao resto da populaça, que berra, esbraceja, dá saltinhos e bate palminhas como se fossem uns mentecaptos? Ou será que, por outro lado, devemos dar largas à imaginação e extravasar as pulsões mais recônditas, fazendo a figura mais triste ou ridícula que as nossas capacidades permitam, e da qual até um alcoólico crónico se envergonharia? Uma vez que já estive em ambos os lados da barricada (pseudo-intelectualóide ou maluquinha da aldeia, dependendo do dia e da disposição) e não me senti bem em nenhum dos dois, optei pelo equilíbrio do meio-termo.
Mas de facto há coisas que me continuam a irritar profundamente em concertos, em particular, as atitudes de certo tipo de indivíduos, ou indivíduos-tipo, que os frequentam.
Por um lado há os tais pseudo-intelectualóides afectadadinhos que, não sei bem porque ordem divina, se acham uma espécie de brigada de etiqueta e bons costumes sobre como saber estar num concerto. Não podes gritar, que parece mal. Não podes erguer o braço mais de 15,5 cm, que parece mal. Não podes saltar, que parece mal. Não podes abanar o corpo freneticamente da direita para a esquerda, que parece mal. Não podes fazer headbanging, que parece mal. Não podes dar um peido (mesmo que ninguém ouça), que parece mal. Não podes fazer nenhuma destas coisas, caso contrário, pareces um labrego... Tanta regrinha de caca já mete nojo, não?
Por outro lado, há os enjoadinhos dos trend-setters/hype-followers/ fashionistas/merdistas, que vão para ver e ser vistos, e estão mais preocupados se o vizinho do lado traja em consonância com os ditames da tendência para a estação, do que propriamente se as criaturas que estão no palco interpretam peças musicais em consonância com certos padrões de qualidade... Para todos vós, há um sítio chamado Lux, mais adequado a esse tipo de coisas.
Depois há ainda os que parece que caíram ali de paraquedas. De entre estes, contam-se aqueles que, quanto mim, fazem uma das coisas mais insuportáveis que se pode fazer num concerto - tudo o resto são migalhas quando comparado com a atitude vil e desprezível desta gente: os tagarelas, as gralhas, que sem qualquer respeito por quem os rodeia ou por quem está no palco, desatam numa verborreia incrível, para que toda a gente num raio de 10 km os possa ouvir. A estes gostaria apenas de dizer que têm todo um Bairro Alto à vossa espera, onde estão entre iguais, e podem palrar em alto volume e ser o centro das atenções sem incomodar os demais nem pagar mais por isso. Fantástico, não acham?
De resto, já não me incomodam particularmente os beberrões, os encontrões, as pisadelas, os saltinhos, as palminhas, as dancinhas parvecas ou os gritinhos histriónicos - às vezes dão-me para rir, outras há em que até aprecio o entusiasmo daqueles que comigo partilham a plateia. Habituei-me e, com alguma frequência, também eu dou o meu pézinho de dança parveca, o meu gritinho histriónico ou o saltinho desconjuntado. Em particular, quando assisto a concertos fora do país, onde ninguém me conhece e não corro o risco de me apontarem o dedo na rua, "olha, a imbecil que estava no concerto de tal e tal a fazer figura de palhaça" (HA!).
Cada pessoa tem a sua forma de estar num concerto. De estar bem, de se sentir bem, de apreciar o que está a ser tocado. Voltando à pergunta do início (a segunda, porque a primeira era retórica), não é uma questão de certo ou errado, mas sim de respeito pela massa humana circundante. Não só pela sua 'integridade física', mas também pela sua forma de estar, mais ou menos extrovertida e extravasante.
No fundo, é o tal velho - mas sábio - chavão: "a minha liberdade termina onde começa a liberdade do outro".