clássicos modernos #11 / the shape of punk to come I

Refused - "The Shape of Punk to Come" (1998, Burning Heart)

The shape of punk to come é uma falácia. Uma miragem no deserto. Uma visão que muitos diziam partilhar mas poucos se deram ao trabalho de concretizar. O punk não está morto, o punk é um nado-morto. As origens são mais que duvidosas. Não é por ser autoproclamado que, necessariamente, se é. Como acreditar no absurdo de algo que diz ser anti-establishment mas que, na realidade, se encontra firmemente enraizado no establishment? Uma válvula de escape pré-programada e no fundo, lá bem no fundo, perfeitamente integrada e socialmente aceite.
Safa-se, com grande mérito até, alguma da descendência. Descendência essa cuja memória continua a ser profanada por sucedâneos recentes, pensados e arreigados na filosofia de vacuidade da comida de plástico/música de plástico para teenager inconsciente e inconsequente consumir.
The shape of punk to come é uma utopia para a sociedade de consumo. O chavão dos chavões: um disco demasiado avançado para o seu tempo. Para a espécie humana até. E por isso mesmo, também um pedaço significativo da História recente, assim mesmo com o H capitalizado. E por isso mesmo conduziu à dissolução da banda que o criou. Porque os Refused foram ludibriados pela sua própria falácia. Conseguiram aquilo que muito poucos conseguem: compôr 12 das melhores e mais revolucionárias peças musicais de que há memória, apenas para descobrir que ninguém, nem mesmo eles próprios, estava preparado para o que daí sobreviria. E talvez nunca venhamos a estar. We lack the motion to move to the new beat.

(continua...)

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