you've done it again, efrim

Thee Silver Mount Zion Memorial Orchestra and the Tra-La-La Band ao vivo no Cinema Passos Manuel, Porto (01.11.2008)

Há momentos assim. Em que uma pessoa, pouco ou nada conhecendo de uma banda, resolve arriscar e comprar um bilhete para o concerto da dita banda. E acaba rendida.
Foi o que se passou com o primeiro concerto dos Godspeed You! Black Emperor em terras lusas, numa segunda fila de um Paradise Garage pouco acolhedor, após cerca de uma hora e meia de espera por uma banda que teimava em não entrar em palco (foi, sem dúvida, das esperas mais recompensadoras de toda a minha vida). O mesmo sucedeu no passado dia 1, com os Silver Mt. Zion.

Curioso. Parece ser este o meu destino com os GY!BE e seus membros (para aqueles que não sabem - eu própria só o descobri há uns dias atrás - os Silver Mt. Zion partilham três elementos com os já extintos GY!BE: Efrim Menuck, mentor dos primeiros, Sophie Trudeau e Thierry Amar).
Desta vez não houve esperas intermináveis nem espaços pouco acolhedores. Apenas cerca de meia hora, mais minuto menos minuto até a banda terminar de afinar os instrumentos, confortavelmente sentados nos cadeiras de cinema do Passos Manuel.
Ao que me disseram, os Silver Mt. Zion apresentavam-se em formato reduzido (sem o guitarrista Ian Ilavsky nem a violoncelista Becky Foon). Nada que perturbasse em demasia uma fraca conhecedora do trabalho da banda como eu. E, pelo que pude averiguar pelas reacções alheias, quis-me parecer que mais ninguém se sentiu defraudado.

Agora, o busílis da questão. Como descrever com exactidão um concerto dos Silver Mt. Zion?
Ora, não se descreve. Ouve-se e sente-se. Ou ouve-se mas não se sente. Um pouco como acontecia com os GY!BE. Apenas algumas pistas meramente formais: a registo vocal sofrido de Menuck, quase monocórdico, quase visceral, que, em qualquer outra situação, em qualquer outra banda, poderia soar excessivo ou desagradável (patético até), mas que aqui assenta que nem cereja em topo de bolo; as harmonias vocais entre Menuck e as duas violonistas, Trudeau e Jessica Moss, que produziam um belo efeito, quase como se de mais um intrumento se tratasse; a simpatia e boa-disposição desses mesmo Menuck, sempre pronto a interagir com o público; a instrumentação e execução irrepreensíveis; e, numa nota extremamente positiva, a excelente qualidade do som, coisa cada vez mais rara nas salas de espetáculo portuguesas, que em muito contribuiu para tornar a experiência ainda mais envolvente.

Em suma, a catarse por excelência. Se não estiveram lá para o sentir, ao menos vejam e ouçam-no
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"13 Blues for Thirteen Moons" (excerto)


"1000000 Died to Make This Sound" (excerto)


"God Bless Our Dead Marines" (excerto)

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