juventude paranóica

"Paranoid Park", de Gus Van Sant

Alex é um jovem skater, que após uma visita a Paranoid Park, um skatepark construído ilegalmente por toda a espécie de párias, se vê envolvido na morte acidental de um segurança, que o conduz a um dilema moral, pendendo na indecisão entre o coming clean e o fardo de um segredo terrível.

Superior tanto a "Elephant" como a "Last Days" (este último, em minha opinião, sofrível), este "Paranoid Park" é mais uma incursão cinematográfica de Gus Van Sant (GVS) pelas vivências da juventude norte-americana.
Uma juventude que, através da lente de GVS, se nos apresenta permanentemente desencantada. Mas, ao contrário dos jovens liceais filmados em "Elephant", frios e apáticos, o desencanto em "Paranoid Park" é consequente. Há aqui uma noção omnipresente, que paira sobre todas as personagens de uma forma, a espaços, mais ou menos evidente, de que cada acto terá a sua consequência.
Os jovens de "Paranoid Park" têm uma consciência, um propósito. Algo que os move. Um conjunto de preocupações, muitas vezes em formato light e politicamente correcto, mas que não deixam, por isso, de funcionar como um leitmotif. E é isso que os torna credíveis, reais. Pessoas de carne e osso, ao contrário de "Elephant", em que aqueles miúdos mais se assemelhavam a autómatos. Não, aqui respira-se, come-se, fode-se. Personagens universais, que tanto poderiam ser jovens norte-americanos, como de qualquer outro país dito desenvolvido. Muitos deles são skaters, tal como poderiam ser bikers, punk-rockers, geeks, nerds ou jocks.
Esta é a essência da juventude, e GVS captou-a, desta vez, com uma mestria quase ao nível de Larry Clark (quanto a mim, o cineasta da juventude por excelência), chegando a superá-lo na belíssima fotografia e nos fabulosos planos longuíssimos, a que GVS, aliás, já nos habituou.

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