sobre a dor, a condição feminina e coisas afins (um post fútil, portanto)

Hoje acordei com duas bolhas deveras incomodativas e de extremo mau aspecto nos meus pequenos porquinhos (nos pés não se chamam dedos mindinhos, pois não?). Tudo isto porque ontem resolvi fazer um segundo test-drive às minhas novas a fabulosas sabrinas vermelhas às florzinhas, após uma primeira tentativa bastante infeliz. Dessa vez não foram bolhas, mas sim calcanhares em carne viva, o que me privou de uma ou duas semanas do meu caminhar normal.
Será talvez apropriado referir que as minhas fantásticas sabrinas, embora não pareçam, são feitas de titânio (ou se calhar parecem mas não são) e que o meu andar normal talvez não seja assim tão normal. Adiante...

Este intróito serviu para lançar aqui a seguinte questão: Se isto acontece com umas míseras sabrinas rasinhas rasinhas, ainda assim desconfortáveis, como será então o sofrimento proporcionado por uns pumps, uns stilettos, enfim, uns saltinhos agulha? Por que dores indescritíveis não terão de passar essas mulheres que todos os dias calcorreiam ruas e avenidas montadas nessa espécie de andas? E o mal que isso não faz à coluna? Será que alguém gosta realmente de sentir na pele tal agonia? E porque o fazem? Por gosto não será concerteza. Por muito s&m que se seja é humanamente impossível de suportar. A não ser que sofram de alguma aplasia sensorial, a única hipótese que me parece plausível é a de manter uma certa imagem de feminilidade que supostamente será proporcionada por um par de saltos altos.

E como se isto não bastasse, hoje tive mais uma sessão de depilação, que é aquela altura especial em que descubro que tenho partes do corpo que desconhecia por completo e nas quais consigo sentir dor que apenas posso classificar como lancinante.
Lâminas de barbear e cremes depilatórios não são uma opção: comichões, pêlos que não demoram nem dois ou três dias a crescer e que gradualmente se transformam em barba não são uma opção.
Como veêm, a depilação é mais outra daquelas coisas que faz o belo sexo sofrer (e já agora, o feio também, que nisto de modas não se deixam sobreviventes). E no entanto lá continuamos nós a cumprir o nosso ritual masoquista de torcionário e vítima de tempos a tempos. Neste caso nem eu me posso excluir.
Porquê? Porque acho inestética a pilosidade corporal. Pura e simplesmente. Será que com isto já não posso ser feminista? Oh que peninha! As feministas felpudas podem continuar a vomitar as suas bolas de pelo, porque eu tenho aquele péssimo hábito de livre-pensadora e de formar as minhas próprias ideias sem qualquer tipo de consideração pelo dogma instituído. Tanto abomino ver uma mulher com excesso de pêlo, como um homem. Aí sou coerente (aí e em pouco mais, diga-se...), porque não me parece que a estética seja uma questão de sexo. Da mesma forma, causa-me extrema confusão um homem ou uma mulher sem uma única sombra de penugem no corpo. Porque eu também não sou de extremos. Há pêlos e pêlos, há zonas para os ter e zonas para os não ter.

Toda esta prosápia para concluir que as coisas aqui funcionam de uma forma muito simples: saltos altos nunca; depilação sempre que for necessária. É tudo uma questão de duração. Uma hora de sofrimento em troca de dois, três ou mais meses sem pelagem sim, tudo bem, até compensa. Agora, um dia inteiro de agonia, que se irá prolongar por mais uns quantos dias de mau-estar e incómodo, só para se parecer mais alta e que se tem umas pernas bem torneadas, não muito obrigada, dispenso.
Vá, pensem nisto gajas.

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