supersonic pt. 2 - dia 12

Após uma chegada algo atribulada ao aeroporto de Birmingham na 6ª feira, dia 11, com 1 hora de atraso relativamente ao previsto (e o voo tinha partido do Porto com quase 2 horas de atraso), ainda alimentávamos a esperança de apanhar um ou dois concertos do primeiro dia do festival Supersonic.
Uma vez que o próximo transporte em direcção à cidade era apenas às 2h30 da manhã, lá tivemos, um pouco a contragosto, de apanhar um táxi, o que provocou um rombo de £8 no orçamento pessoal de cada um de nós (éramos três).
Ultrapassada esta pequena contrariedade, lá nos dirigimos à Custard Factory, apenas para nos depararmos com mais um obstáculo: as bilheteiras já estavam fechadas... A coisa não nos estava a correr nada bem!
Mas em vez de ficarmos para ali a lamentar-nos, pusemo-nos a caminho do nosso hotel. Cerca de 15 minutos a andar a pé depois, chegámos ao nosso destino: um pequeno mas maravilhoso e acolhedor quartinho, com tudo aquilo que poderíamos desejar... Começava a melhorar.

Após a nossa primeira noite de sono em Birmingham, tratámos de enfardar um belo pequeno-almoço continental, após o que fomos dar uma volta de reconhecimento pela cidade e fazer tempo até às 16h, hora em que o recinto abria as portas.
Foi então, pouco depois das 16h, que finalmente conseguimos trocar os bilhetes pelas típicas pulseiras que nos permitiriam entrar no recinto.

Black Sun

Depois de uma breve incursão pela zona do merchandising (mais tarde, faria algumas compras nas bancas da Holy Roar, da Southern e da organização), logo nos dirigimos ao palco Space 2, onde os Black Sun já tinham iniciado a sua prestação. Sludge-metal bem puxadinho e com grunhidos à descrição, mas nada de extraordinário. E continuo a dizer que o baterista tinha um aspecto/comportamento demasiadamente bonehead para o meu gosto.
Posto isto, demos uma espreitadela à distância ao senhor Alexander Tucker, com a sua dark-folk. Deveras interessante, mas o palco Factory Club, onde estava a decorrer a actuação, mostrou ser demasiado pequeno e claustrofóbico para um evento deste genéro (felizmente, no dia seguinte, não houve nenhum concerto neste espaço). Estava na hora de seguir em frente.

The Owl Service

Mesmo ao lado, no palco exterior, tocavam os The Owl Service. Praticantes de uma certa folk de tradição britânica, não são, de todo a minha praia. Sem lhes querer tirar o mérito que decerto terão, nem ofender os apreciadores do género, achei o pouco que vi uma monumental sequinha.

The Courtesy Group

De volta ao Stage 2, era a vez dos The Courtesy Group mostrarem aquilo que valem. Rock escarninho e lacónico, algo alucinado (na veia de uns The Fall ou Birthday Party), e um vocalista com um gosto altamente duvidoso para camisas, que preferia a plateia ao palco, ainda sacou uns bate-pés da nossa parte mas não nos encheu as medidas.


Guapo

Após uma pausa para descanso, era chegada a altura de um dos concertos-fetiche desta edição do Supersonic: os Guapo. Assim que entrei no Space 2, e vi aquele senhor de guedelha volumosa (de repente pareceu-me uma senhora) e os trajes com que a banda se apresentava, pensei: "Tu queres ver que os Guapo cancelaram e foram substituídos pelos Chrome Hoof?!" (nem sequer me dei ao trabalho de contar o número de indivíduos em palco). Enganei-me. E ainda bem - não que a troca fosse má, mas já estava de peito feito para ver os Guapo.
Delírio psicadélico e progressivo, com uma boa dose de experimentação (chamam-lhe avant metal), a banda proporcionou-nos cerca de 45 minutos verdadeiramente envolventes e cativantes. Foi tudo aquilo que estava à espera, e mais ainda!


Thrones

Seguir-se-ia ainda mais um concerto para o qual tinha grandes expectativas: Thrones, aka Joe Preston, aka semi-deus. Após alguns problemas de som, com Preston a desculpar-se por estar um pouco enferrujado, dado não actuar como Thrones há mais de 1 mês, lá se deu início ao concerto. Talvez por causa dessa mesma 'ferrugem', o set foi curtíssimo e soube a muito pouco. Ainda assim foi uma boa prestação, bastante poderosa.

Efterklang

Depois de Thrones, tempo ainda para um breve passagem pelo palco exterior, onde actuavam os Efterklang. Misto de Architecture In Helsinki e Arcade Fire, estes dinamarqueses foram um dos OVNIs do festival. Um bom momento para desanuviar, após o que estávamos prontos para regressar ao peso.


Oxbow

E ao peso regressámos pela mão dos Oxbow, para aquilo que se pode chamar o verdadeiro concerto 'filha da puta', muito graças a Eugene Robinson (embora a restante banda também mostrasse uma coesão e prestação irrepreensíveis), o vocalista, boxeur, dançarino, stripper, possesso, que, não infrequentemente, se envolvia numa espiral quase-masturbatória. Fabuloso! A amostra está aí.
A caminho do sufocante Factory Club, um vislumbre da actuação dos The Heads. Não deu para aferir grande coisa, uma vez que passámos por eles de raspão, mas o caderninho festivaleiro que foi fornecido pela organização falava em Iggy Pop, MC5, Hawkwind e Motörhead.


Noxagt

Chegados ao nosso destino, lá conseguimos furar através da pequena multidão que preenchia o exíguo espaço do Factory Club e, que nem sardinhas em lata, assistimos ao noise circular debitado pelos Noxagt. Não sendo plenamente satisfatório, dado o extremo desconforto da sala, serviu para tirar o amargo de boca com que fiquei após não ter assistido ao concerto da banda na ZdB, em 2006.


Fuck Buttons

Estava então na altura dos Fuck Buttons. Embora lhes faltasse o efeito surpresa, uma vez que os tinha visto pouco tempo antes no Primavera Sound, e o set apresentado em ambos os concertos tenha sido muito idêntico, estes dois rapazes de Bristol não desiludem! Desta vez trago um vídeo.

Wooden Shjips

Posto isto, demos um saltinho ao palco exterior, onde os Wooden Shjips estavam prestes a terminar a sua prestação. Psicadelismo a rodos, ao qual, infelizmente, não pudemos assistir o tempo que desejaríamos, já que pretendíamos voltar ao estado de sardinha em lata.

Oren Ambarchi

Não pela sardinha em si, mas sim pelo Oren Ambarchi. Mais uma vez, a sala do Factory Club mostrou-se extremamente desadequada e o cansaço, que já se vinha a acentuar, também não perdoou. Como tal, vimo-nos impossibilitados de fruir plenamente do ambient drone (é assim que se chama?) hipnótico deste senhor, pelo que passámos ao próximo.


Battles - "Tras"


Battles - "Tonto"

E os senhores que se seguiram eram, nem mais, nem menos, que os Battles. As expectativas eram elevadíssimas e, em grande parte, foram cumpridas. Apropriadamente, abriram o set com "Race: In", mas o grande destaque vai, lá mais para o fim, para a grandiosa sequência "Tras", "Tonto", "Atlas", "Leyendecker" (a minha preferida de "Mirrored") e "Ddiamondd". Apoteótico!
Quase todas as faixas tocadas foram revistas e aumentadas, numa espécie de improviso/jam session, e aí a banda talvez tenha falhado um pouco, especialmente no tema escolhido para o encore, que foi esticado para além da exaustão. Completamente desnecessário. Ainda assim, a avaliação global é bastante positiva.
Destaco ainda o imparável e assombroso John Stanier ao comando da bateria (outro semi-deus) e, numa nota mais negativa, o maniento, mete-nojo, armado em vedette do guitarrista-baixista Dave Konopka... Ficámos mesmo mal-impressionados com este tipo!

Harvey Milk

Para terminar o dia em grande, só mesmo com os portentosos Harvey Milk! Lamentavelmente, e dado o extenso delírio improvisacional dos Battles, apenas conseguimos assistir aos dois últimos temas interpretados pela banda. Mas tal foi o poder demonstrado que, neste caso, o pouco soube a muito! Haja alguma alminha iluminada que os traga cá...

E amanhã há mais!

Popular Posts