eh pá, esqueci-me do djambé! (ou diário de uma breve passagem pelo festival sudoeste)

Começo por ressalvar que não suporto romarias. Causam-me um certo prurido aquelas pessoas que dizem que vão aos festivais de Verão pelo convívio, para beber uns canecos e consumir substâncias ilícitas.
Sou alérgica a pseudo-freaks (se querem ser freaks, ao menos que façam a coisa bem feita), betos mais ou menos radicais e toda a espécie de juventude "Morangos com Açúcar", para quem a experiência de uma vida é passar quatro dias enterrado em pó e palha até ao pescoço no sítio onde Judas perdeu as botas.
Mas acima de tudo, abomino as pessoas que não percebem, nem fazem por perceber, aquele bando de tipos estranhos, quais seres alienígenas!, que estão para ali a debitar umas músicas. Que é o mesmo que dizer que detesto as pessoas que não vão aos festivais pela música.
(Ah, e também já estou farta de ouvir falar no Jah e de feiras populares!)

Posto isto, eu vou aos festivais para: 1) ouvir música de que gosto; 2) conviver com os compinchas do costume; 3) beber uns canecos e consumir uns estupefacientes.
Daí apenas ter rumado ao Sudoeste no dia 5 de Agosto. Os motivos eram bem fortes e justificavam todo e qualquer sacríficio. Eram eles, por ordem de preferência (e em poucas palavras que daqui a pouco mais de 4 horas tenho que estar a pé):

...And You Will Know Us by the Trail of Dead: Soberbo! Fabuloso! Magnífico! Estupendo! A lista é interminável. Só por si justificaram os 40€ do bilhete. Continuo a achar que não há nada tão extático como ver uma das nossas bandas preferidas actuar ao vivo. Sem dúvida um dos concertos da minha vida (nota mental: postar aqui uma lista com os concertos da minha vida, já que parece que as listas estão na moda). Acho que vou ficar dorida durante os próximos dois ou três dias, mas valeu bem a pena! Felizmente, o tendão de Aquiles não se queixou muito. Ah, e parece que a banda tem novos elementos.

The National: Corte e cola da lista de adjectivos supracitados. Agradou-me particularmente atmosfera intimista proporcionada pelo pequeno palco Planeta Sudoeste. Os dois chalupas que estavam à nossa frente também tinham uma certa piada, embora se tornassem bastante incómodos quando se punham a saltar muito para cima do público circundante. O que até contém em si um quê de justiça poética: dei em ...Trail of Dead e levei em National. Não está mal de todo, não senhor!

Guillemots: Banda relativamente interessante e competente. Concerto relativamente interessante e competente. É aquela velha história do não aquece nem arrefece. Prefiro em disco, porque dessa forma sempre posso ir saltando as faixas para ouvir apenas as que me agradam mais. O defeito, a meu ver, é mesmo esse: tornam-se aborrecidos.

Of Montreal: Já que estavam incluídos no pacote, satisfazia-se a curiosidade melómana. Quem sabe se o concerto não me faria até mudar de opinião quanto a esta rapaziada?... Não, não fez. Senti novamente aquilo que tinha experimentado quando ouvi o "Hissing Fauna, Are You the Destroyer?", desta feita com ainda maior intensidade: muita teatrialidade, muita encenação, muito guarda-roupa, muita imagem, muito barulhinho, muito ruidozinho, muito efeitozinho e no entanto continua a faltar-lhes qualquer coisa. Algo que os defina e que defina a sua música. Soam-me a algo incompleto, inacabado. Já não me conveciam em álbum e também não me convenceram ao vivo.

A lamentar a impossibilidade de assistir ao concerto do Albert Hammond Jr., mas se as estradas portuguesas tivessem uma boa sinalização estas merdas não sucediam!

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